Gestão
Quero abrir um restaurante
Publicado em 28.07.2021
7 dicas de profissionais de sucesso para quem deseja empreender na área.
Você ama cozinhar, todo mundo adora suas criações e, inclusive, aquela receita marca-registrada acabou ficando famosa além do círculo de família, amigos, vizinhos... Muito provavelmente, em papos de mesa e longos encontros festivos, cansou de ouvir: “já pensou em abrir um restaurante?”, “a sua comida é maravilhosa: abre um negócio!”, “por que não vira chef?”.
Pois bem, essa é uma cena comum, muitos entusiastas levam adiante e acabam por se tornar um empreendedor na área gastronômica - muitas vezes, acelerados pela vontade de mudar de área, de vida, fazer o que ama. E, decide que é hora de aceitar a proposta de um sócio investidor e/ou de usar o dinheiro que tem guardado.
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Mas o sonho pode não sair tão perfeito assim, e pode virar dor de cabeça, decepção e dívidas. Segundo a Abrasel - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, 35% dos bares e restaurantes que abrem no país, fecham antes dos dois anos de funcionamento. Quase sempre porque a fórmula “gostar de cozinhar + ter capital” não basta.
Para tanto, reunimos 7 dicas de especialistas da área, como chefs e consultores gastronômicos, para quem pensa em se aventurar no setor:
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Cozinhar para amigos é fácil. Você faz parte do entretenimento, não precisa seguir o menu à risca, pode improvisar, é um panelão só e não precisa se preocupar tanto com tempo, empratamento, as pessoas podem ir beliscando, uns comem antes, outros juntos, outros depois. A compra é para aquela refeição e ponto. As pessoas são convidadas e não clientes, pagantes, com expectativas e direitos.
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No restaurante, é preciso ter excelência no atendimento ao cliente e ser amável com as pessoas, que - quase sempre - são 100% estranhas. O padrão no tempo de preparo e na execução da receita é vital, pois todos os pratos têm de sair iguais em quantidade, apresentação e sabor, sem falar os pedidos "sem lactose, bem passado, com brócolis no lugar do espinafre". Custo e precificação são pilares importantíssimos: em casa, você conta só o arroz, o cogumelo, o parmesão para o risoto. No restaurante, ainda tem gás, energia, equipamentos, funcionários, taxa do lixo, produtos de embalagem e de limpeza, louça e tudo o que envolve a mesa posta, internet, marketing, segurança privada, etc.
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Chef, quando vai criar um cardápio, tem que pensar com inteligência para que um insumo esteja em duas ou três (ou até mais) preparações, para que tenha um estoque inteligente e que gire e não fique à disposição só para uma receita. Nesse processo de criação, todas as etapas de um prato precisam ser pensadas, e na cozinha profissional até uma lasanha requer 48 horas de pré-preparo, porque tem o tempo da massa, do cilindro, de porcionar, de criar os molhos, para que tudo fica pronto, em stand by, esperando o pedido do cliente. Nesse momento, é só montagem e forno.
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É uma profissão em que é preciso abdicar grande parte da sua vida, já que não há finais de semana, feriados e é mais ou menos como a vida de médico: não tem dia, não tem hora. É um casamento, um casamento com você mesmo e pra sempre.
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Faça um estágio ou trabalhe primeiro como auxiliar de cozinha, no mínimo por um ano, para que sinta a vida real desses bastidores. Se nesse período você não reclamou de salário, horário, grosserias ou pressão, então, talvez, você já esteja apto para tal ofício.
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O próximo passo é estudar! E, não só gastronomia. Faça Administração de Empresas, porque é preciso entender de todos os elos da cadeia que estão envolvidos ali: desde gestão de pessoas e legislação às compras, ao financeiro e todo o operacional.
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Esteja pronto para as adversidades: tem dias que vai lotar, outros que não vai ter ninguém. As contas não param de chegar e o lucro não vem rápido e, normalmente, só chega depois de um ano, dois anos depois, o que causa muita frustração. Por isso, duas peças-chaves são um bom plano de negócios e um excelente gestor de restaurantes para executá-lo.
Fontes: Danielle Johnnei (Trattoria DaDani) e Duca Lapenda (chef consultor), de Recife, PE. Nando Caliendo (Nando Caliendo Sushi) e Silvia Percussi (Vinheria Percussi), de São Paulo, SP.