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O que é tendência no mercado: a hora e a vez dos vegetais

Publicado em 05.01.2023

AJINOMOTO MEU NEGÓCIO CONTA EXEMPLOS DE SUCESSO DE ESTABELECIMENTOS QUE APOSTARAM NO CONCEITO QUE DEIXOU DE SER NICHADO

Casa cheia, filas de espera, negócio bombando. Um case de sucesso que reflete, naturalmente, na esfera digital: legião de fãs e seguidores, ávidos por fazer check-in no local e compartilhar seus pratos instagramáveis. Na mídia, reportagens, reconhecimento de formadores de opinião e prêmios.

Conclusão: o cenário ideal de um empreendedor. E é, mas o gatilho que chama a atenção aqui era outrora impensável: os estabelecimentos em questão são vegetarianos ou veganos. Mas não gostam do rótulo e preferem novos termos para designá-los, todos caminhando para algo como “restaurante ou cozinha de vegetais”; e já é um conceito que ocupa posição de destaque no mercado e com particularidades muito interessantes.

Para começar, nem de longe lembram as comidas tachadas de insossas, sem graça, muitas delas resumidas à soja e seus subprodutos, como a proteína texturizada e o tofu. Agora, o hortifrúti é protagonista de receitas que não deixam nada a dever àquelas com carnes e afins.

DE DAR ÁGUA NA BOCA

As descrições a seguir ajudam a contar por si só: salada de lentilhas verdes francesas, com batata-doce, laranja assada, alho-poró salteado, tomate-cereja, mix de folhas, molho de tahine e mostarda de Dijon; nhoque artesanal de batata-doce laranja, mix de cogumelos, brócolis, gremolata de coentro e limão siciliano, amêndoas tostadas e torta banoffe flambada com doce de leite de coco, creme de licor de banana, raspas de chocolates, sorvete de baunilha e nozes pecan.

Esses são pratos que configurariam um menu com entrada, principal e sobremesa, no Teva, no Rio de Janeiro, que se autointitula “bar e restaurante de vegetais”. E foi um dos precursores na área, aberto em 2016; e, por dois anos, também teve a sua filial em solo paulistano.

O NOVO CONSUMIDOR

A grande mudança não veio só no cardápio. Ela está também em dois públicos principais que movem a cadeia de um restaurante: de um lado, os clientes, não são só aqueles do nicho 'vegetariano' e 'vegano', pois soma-se como clientela dessas casas pessoas que gostam de comer e beber bem; e de descobrir e desfrutar da cena gastronômica por onde passam.

Comem um bifão à parmegiana com muito queijo e não torcem mais o nariz - e bem longe disso - ficam felizes por jantar nas casas desse estilo à noite. Alguns por prazer, outros por já fazerem parte da fatia dos flexitarianos, que são indivíduos que estão repensando hábitos alimentares, em vista da sua própria saúde e a do planeta. Algo que pode ser um reflexo do movimento “Segunda Sem Carne”, do inglês “Meatless Monday”, campanha que surgiu nos Estados Unidos, em 2003, e hoje está presente em mais de 40 países, sendo o Brasil um de seus maiores adeptos, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira. Ou seja, falamos em indivíduos que ainda se alimentam da carne bovina por prazer, mas, por vezes, fazem a substituição pela proteína vegetal, justamente pelas preocupações mencionadas.

O EMPREENDEDOR

Interessante também é saber quem está do outro lado: quem são esses empresários? Na maioria dos projetos que se sobressaem hoje no mercado, eles não são adeptos a uma rotina alimentar específica, pois devoram hambúrguer, churrasco e sushi… E não fazem questão alguma de esconder isso, estampando cotidianamente nas redes sociais o seu dia a dia.
Um exemplo disso é José Barattino, que hoje ocupa o posto de chef executivo do complexo italiano Eataly, em sua filial paulistana, que obviamente serve incontáveis receitas 'carnívoras e lácteas'. Mas, além dali, ele toca o Homa, nascido em 2018, com slogan “aqui os vegetais são reis”. Para ele, não é nada contra a carne, é só ser a favor também do que vem da terra.

Até mesmo Bela Gil, a filha de Gilberto Gil, cozinheira, apresentadora de um programa de TV voltado para a comida vegana, que não gosta de rótulos, mas, se for preciso um, se diz "vegetariana que vez ou outra come carne", apostou na tendência e abriu, no ano passado, o seu Camélia Òdòdó, na capital paulista. Segundo ela, o menu da casa é “todo feito com ingredientes orgânicos, um convite para explorar o universo dos vegetais, como uma fonte de saúde ao corpo, respeito ao meio ambiente e valorização aos pequenos produtores”.

Por estes exemplos, é vista uma maior democratização dos vegetais junto a receitas inusitadas e versáteis, que não se limitam ao paladar dos vegetarianos ou veganos, mas que vai ao encontro à demanda dos flexitarianos, justamente pela troca consciente que o público busca fazer em prol de hábitos alimentares mais saudáveis e em vista da preocupação com a sustentabilidade. Aqui os espaços não são restritos, a criatividade para inovar é bem-vinda e o sabor com certeza é um ponto que permanece em voga.