Finanças
A conta tem que fechar
Revista Negócios e Sabores-ED.11
Publicado em 20.12.2018
Utilize esses parâmetros gerais para manter balanceado o fluxo do caixa e seu restaurante funcionando e lucrando a todo o vapor.
Alguma vez você já teve a sensação de estar gastando demais em aluguel, ou que talvez não tenha caixa para tantos funcionários, ou que os custos com os insumos estejam muito altos? É uma aflição comum ao empresário do ramo de alimentação: equilibrar as contas sem referência parece sempre um tiro no escuro. Felizmente, consultores e pesquisadores do mercado de food service têm encontrado números que podem servir de guia para determinar o destino de sua receita. “São parâmetros gerais, porque existe variação”, afirma Leo Teixeira, sócio da consultoria NaMesa. “Por exemplo, um restaurante em praça de alimentação de shopping center gasta mais em aluguel, mas provavelmente cortará custos com mercadoria e mão de obra”, diz. Confira algumas porcentagens de referência para determinar se seu restaurante precisa de equilíbrio nas contas.
Mão de obra e mercadoria
De longe as duas áreas que mais consomem recursos em um restaurante, a folha de pagamentos e os custos com matérias-primas são aglomerados em uma porcentagem só porque o “peso” de cada um varia de acordo com o negócio, mas, somados, eles frequentemente tomarão mais da metade do orçamento. Mantenha em mente que o custo de mão de obra inclui salário, encargos e provisões. Este último inclui décimo terceiro e férias, e deve sempre ser levado em conta no cálculo mensal para que o seu caixa não se surpreenda com um “rombo” no fim do ano.
Aluguel e IPTU
Se é verdade que o ponto de bar ou restaurante pode colaborar imensamente para seu sucesso, é muito comum que a inflação imobiliária, unida à especulação e à ganância de proprietários tornem o aluguel uma âncora insuportável para o caixa. Caso o crescimento do negócio não consiga acompanhar os reajustes de aluguel e esse custo passar a representar muito mais do que 7% do faturamento, é hora de procurar outro ponto. No caso de um contrato de aluguel comercial com aluguel percentual, procure algo entre 4% e 7%, nunca mais do que isso.
Lucratividade
Pode parecer pouco, e é. Mas a realidade é que apenas um pouco mais de um décimo do dinheiro que seu negócio de alimentação gira entra em seu bolso. E olhe lá! Determinar um pró-labore coerente com o caixa mensal da empresa é um passo importante que muitos empresários deixam de fazer, apenas para descobrir, mais tarde, que estão sufocando o negócio embolsando um dinheiro que deveria ser investido lá dentro. O importante é diferenciar o pró-labore da divisão de lucros. O pró-labore é o “salário” dos sócios, e esse sim ocorre de mês a mês. Além disso, a divisão de lucros, que pode acontecer a cada três ou seis meses, também entra nessa porcentagem acima. Ou seja, o pró-labore mais a divisão de lucros não devem superar 15% da receita, via de regra.
Impostos e encargos
Aqui, estamos levando em consideração os impostos que não dizem respeito à folha de pagamentos e ao imóvel, e estamos levando em conta negócios com faturamento anual na faixa de 360.000 reais a 1,4 milhão de reais. No Simples Nacional, essas empresas pagarão de 6,84% a 9,03%. Acima da faixa de 1,4 milhão de faturamento, é o caso de pedir um estudo para o seu contador para ver se vale a pena entrar no regime de lucro presumido.
Outro dado importante: alguns produtos, como bebidas, têm o ICMS pago pelo fabricante, e você não precisa pagar esse valor outra vez no Simples Nacional. É o caso de separar o faturamento trazido pela venda desses produtos e calcular os impostos sobre ele separadamente, excluindo o ICMS.
Infraestrutura
Água, luz, telefone, internet e gás não devem superar os 4% do faturamento, via de regra. Se seu gasto está muito acima disso, é o caso de rever as políticas de uso de água e luz, determinar o consumo de cada equipamento e, se for o caso, investir em eficiência. Felizmente, o consumo de água, luz e gás sempre pode ser poupado com algumas mudanças simples e pouco custosas. A iluminação por LED e fogões de indução, por exemplo, podem representar uma economia na conta de energia que vai além do que elas consomem em termos de kWh, já que, como geram pouco calor, aliviam o estresse no ar-condicionado também.
Impostos e encargos
Uma quantia segura para se ter nos “cofres” da empresa é o custo mensal multiplicado por 2, de preferência 3. Com essa quantia, mesmo que seu faturamento caia até apenas cobrir os custos, você terá um par de meses para identificar os problemas e fazer alterações sem atrasar pagamentos ou contrair dívidas. Esse prazo é mais do que suficiente para identificar os problemas do negócio e remediá-los, e também será suficiente para reformas ou trocas emergenciais de equipamento.
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