Gestão
Abrir um negócio: seis etapas vitais para quem quer empreender na área de alimentos e bebidas.
Revista Negócios e Sabores-ED.1
Publicado em 06.07.2022
A gastronomia encanta por toda a paixão que envolve a cozinha: a busca pelo ingrediente perfeito, a receita preferida, o receber. Mas, quando o hobby aspira virar negócio, há uma série de etapas importantes que uma empresa de alimentos e bebidas deve seguir. Aqui, elencamos 6 delas, segundo Vera Araújo*, da VA Gestão de Negócios, profissional com mais de 25 anos de experiência no mercado food service.
CONTROLE FINANCEIRO
Antes de tudo, é preciso entender e avaliar se quer mesmo empreender nesta área, porque “gostar de cozinhar é bem diferente do cozinhar profissionalmente”. E, envolve tantos detalhes, que até já fizemos uma matéria só sobre o tema, confira clicando aqui.
LISTA DE TAREFAS
Se você passou pelo item 1, leu, releu, tomou a decisão e, sim, está preparado para empreender, o segundo passo é o Plano de Negócios. Esse é o alicerce, é um esboço de tudo que você imagina sobre a sua empresa e onde você também vai responder mais perguntas e questionamentos. O que vou vender e/ou oferecer? Para quem, qual é o meu público? Quais os meus diferenciais? Quem são meus concorrentes?
CONTROLE DE EQUIPE E AGENDA DE FORNECEDORES
Quantas pessoas vou precisar para trabalhar comigo? Modelo de operação: e-commerce, 100% delivery, encomendas, eventos, físico – aqui, é preciso pensar em acessibilidade, localização do ponto, segurança, estacionamento e se seu público circula por ali. Além dos funcionários fixos, há uma série de custos a serem planificados. Como todo negócio, é preciso ter um contador, para organizar as finanças.
MATERIAIS DE COMUNICAÇÃO
O marketing, mais do que nunca, é essencial e a vitrine de um negócio, que precisa ter identidade em suas comunicações tanto físicas (cartão, comanda, cardápio, flyers, anúncios) quanto digitais (site, redes sociais, aplicativos, newsletter). A depender do seu tipo de operação, pode ser obrigatório também ter uma nutricionista, no seu quadro de fornecedores – é ela quem vai aplicar certificações necessárias, treinar equipe, aplicar normas de segurança exigidas pelos órgãos de fiscalização estaduais e nacionais.
CARDÁPIO DIGITAL
Eis a hora de pensar no menu! A melhor estratégia aqui é pensar no
‘Cardápio Inteligente’, um conceito que, como o
próprio nome já ajuda a explicar, mostra como pensar os pratos de
uma maneira eficiente. Isso quer dizer
que não dá para ir montando só com criatividade e
liberdade, mas pensando com ‘táticas’ que vão ajudar a
otimizar compras, estoque, custos. Um dos princípios é que cada
ingrediente seja usado, pelo menos, em três preparos diferentes, mas
de uma maneira diferente, de um modo que não seja monótono ao
cliente. Por exemplo: uma ricota pode ir numa salada, na massa e na
sobremesa, assim você ganha margem para negociar com o fornecedor,
espaço na geladeira, além de trabalhar sempre com produto mais
fresco, porque vai girar mais.
É imprescindível também margear perdas, já que
grande parte dos alimentos são frescos e podem já
não chegar no seu melhor estado, com batidinhas e até não serem
usados até o seu vencimento. Outro ponto crucial:
Ficha Técnica! Ela é o DNA de uma receita: a
cozinha profissional precisa ter padrão, ou seja, o prato deve
sempre chegar igual ao cliente, independente da pessoa que o
executou naquele dia; é vital também para saber quanto custa cada
prato e quanto você deve cobrar por ele.
INVESTIMENTO
Com essa base em mãos, um tema importantíssimo: investimento. O que você tem em mente cobre tudo o que está no planejamento? E, tem reservas para custos adicionais, leia-se aqueles emergenciais que aparecem no meio de uma obra, por exemplo, até os ‘invisíveis’, que muitas vezes não aparecem nas planilhas, mas impactam muito em todo o processo – luz, gás, água, saco de lixo, taxa do lixo, uniformes, impostos, internet, direitos autorais para uso de música, embalagens, manobrista, vigia, etc. O capital de giro é fundamental para operar por, pelo menos, dois anos, e evitar o fechamento, já que segundo a Abrasel – Associação Brasileira dos Restaurantes, oito em cada 10 estabelecimentos dessa área fecham em menos de 24 meses.
Descubra mais sobre esse tema e demais questões essenciais sobre o mercado de Alimentação e Bebidas, que você descobre navegando aqui em nosso Portal Meu Negócio, que é voltado para empreendedor e traz ferramentas que ajudam quem está pensando em abrir um negócio.
- Tecnologias gerenciais de restaurantes, Marcelo Traldi Fonseca (Ed. Senac, 2000).
- Hospitalidade e Negócios - O Rei da Gastronomia de Nova York Conta o Segredo do Sucesso, Danny Meyer (Ed. Novo Conceito, 2007).
- Gestão de Negócios de Alimentação: Casos e Soluções, Alexandre M. Alves Erli Keiko Nishio (Ed. Senac, 2019).
- Gestão de Negócios de Alimentação: Princípios e Práticas, June Payne-Palacio e Monica Theis (Ed. Manole, 2014).
* Vera Araújo, da VA Gestão de Negócios (https://vagestaodenegocios.com), é mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi, pós-graduada em Gestão de Negócios em Serviços de Alimentação pelo SENAC – SP. É idealizadora do aplicativo Kustograma, idealizado para ajudar na elaboração de fichas técnicas e precificação; e está disponível para Android. Docente desde 2005 em cursos de graduação e pós-graduação nas Universidades Anhembi Morumbi, Senac SP, São Camilo, FMU, Unip e Hotec, em diferentes disciplinas na área de gestão e negócios gastronômicos.